Uma experiência de iniciação

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(Artigo completo sobre iniciação aqui.)

Contarei uma experiência que eu poderia fazer referência como, de certa forma, um dos marcos para a minha iniciação (pois houve mais de um). Não costumo contar minhas experiências interiores, até porque não costumo ter nenhuma experiência muito extraordinária para contar, mas essa é uma das coisas que gosto de contar nos cursos de meditação, então escreverei aqui também.

Já estando no Caminho de Sri Chinmoy por cerca de 4-6 meses, um dia tive um sonho consciente (que é algo raro para mim). Eu estava numa espécie de boate, com música, bebidas, moças, fumaça, etc. Era um lugar realmente desagradável. Se eu acordasse num lugar desses hoje em dia, teria saído imediatamente. Mas era um sonho. Lá, as pessoas me ofereciam coisas como álcool, as mulheres se colocavam disponíveis para relacionamentos, etc. Mas eu recusava tudo. Depois de um tempo, as pessoas desistiram de tentar me atrair. Nessa hora eu pensei “Agora posso ir embora.”

Saindo do prédio, eu estava num deserto de terra. Eu vi uma rodovia em frente e, nela, vi um colega discípulo de Sri Chinmoy, o Nandika, correndo pela estrada. Eu me juntei a ele. Fomos correndo pela estrada por um tempo, até que chegamos numa parte que tinha um acostamento, também de terra. Ao parar de correr e olhar para a frente, me deparei com uma surpresa: o meu Mestre, Sri Chinmoy. Ali estava o Mestre, juntando humildade e magnificência numa mesma presença. Ele estava inteiro de uma cor de cobre, algo entre o laranja e o dourado. Não só a roupa, mas a pele, os olhos, os dentes, tudo era de um material só. O interessante é que as estátuas de Sri Chinmoy, inauguradas a partir de 2008, são bem parecidas! Com o Nandika do lado, ele chegou bem perto de mim, bem perto mesmo, a uns trinta centímetros do meu rosto.

Ele parou, deu uma volta ao meu redor caminhando (eu fiquei congelado no lugar!), deu uns passos a mais e virou para mim, bem sério: “Quem é o seu Mestre!?” “É você, Guru!”, eu disse, pois é óbvio. Como se ele mesmo não soubesse, né? O Guru sacudiu a cabeça com força, em negação. Eu falei: “Eu SEI que é você.” O Guru meneou a cabeça, inclinando-a pros lados, o que entendi claramente como “Sim, essa é a resposta certa, mas eu não quero ouvir dessa forma.”

Na hora entendi o seu intuito. Eu disse: “O Supremo é o meu Guru,” (pois a filosofia do Sri Chinmoy diz que Deus é o único Guru) ao que o Guru acenou com vigor que ‘sim, sim’, com a cabeça. “Mas você é (representa) o Supremo!”, completei. Ele deu uma gargalhada muito alegre e satisfeita, demonstrando claramente que estava feliz com a resposta e que eu realmente tinha entendido a sua filosofia.

O sonho acabou. Acordei (felizzz!!!)

Eu gosto de contar essa experiência porque todos os seus momentos possuem um significado bem claro na vida espiritual, pelos quais acredito que todos os buscadores passam algum dia: Estar numa situação de vida que não condiz com a sua busca (a boate) Deixar de lado ou perder o gosto por coisas que atrasam o nosso progresso espiritual (álcool/drogas, música emocional, relacionamentos superficiais) Sair sozinho sem saber exatamente aonde vai (sair da boate sem saber o que teria lá fora) Encontrar a estrada no meio do deserto, que você sabe que leva até a meta (encontrar a rodovia) Reconhecer e se inspirar com seus irmãos discípulos de caminho espiritual (encontrar o Nandika já correndo na estrada) Deparar-se com o Mestre e reconhecê-lo, assim como ele o reconhece e, ainda, ter dentro de si como algo natural os pontos principais da sua filosofia (o teste “Quem é o seu Mestre!?”) Acordar e seguir em frente! (foi isso mesmo!)