Sri Chinmoy e eu

por Patanga, com gratidão.

Ao me sentar para escrever um pouco sobre mim e sobre como comecei a meditar, já me preparei para um artigo um pouco mais longo... pois é a história da minha vida. Cada um tem certas qualidades, portanto não tome a mim como espelho. Você terá as suas próprias experiências!

 

Infância

Consigo juntar memórias de quando eu era criança. Sempre me considerava uma pessoa de poucas amizades. Não gostava de aparecer e não era muito fã das coisas que todos faziam. Provavalmente eu fazia o mesmo por não ter outra opção. Foram passando os anos, e eu sentia que minha vida ia escoando sem rumo.

 

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Patanga bebê  
Com 16 anos
1 ano meditando
O Mestre

Outra memória mais clara é de quando já tinha uns 18 anos, e fazia faculdade de engenharia. Eu estava com uma espécie de "inquietação", assim digamos. Resolvi me tornar vegetariano, comecei a praticar esportes (mesmo que meus colegas não o fizessem), e comecei a ter interesse em fazer hatha yoga. Cheguei a emprestar de um amigo um livro chamado Yoga e Saúde, escrito por S. Yesudian. Nesse livro, além das posturas, o autor explicava sobre como não precisávamos ser vítimas dos nossos pensamentos e paradigmas. Tudo isso foi despertando em mim algo.

 

Um gostinho

Minha primeira experiência de meditação foi quando tentei fazer os exercícios de hatha yoga descritos nos livros. No último exercício, deitava-se no chão e usava-se a respiração para ir relaxando cada parte do corpo. Sem querer, espontaneamente comecei a imaginar que uma luz saía do meu coração e se espalhava por todo o corpo. Mantive a concentração aí por vários instantes, talvez minutos, e realmente comecei a sentir que aquilo era real, e não minha imaginação. Minha consciência estava serena, forte, segura. E senti alegria espontânea. Sem querer, eu havia começado a meditar sem nem mesmo saber disso. (Pois eu nunca tinha lido nada sobre meditação)

Mas levou pelo menos um ano até que eu começasse a praticar a meditação. Foi quando vi um cartaz na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, com o tema "Meditação". Eu até tive a impressão de ter visto antes, mas não ter dado atenção. Enfim, algo me disse que eu deveria ir até lá.

 

Meditação

dipavajan.jpgNo dia da palestra, me deparei com duas pessoas, o palestrante austríaco Dipavajan Renner (foto), e o tradutor brasileiro, Ashirvad. Saí da palestra sem lembrar a detalhe o que havia sido falado. Contudo, a radiação luminosa, o brilho puro no sorriso dos alunos de Sri Chinmoy me cativaram. No início, reparei nessa luz dessas pessoas, mas depois comecei a perceber que essa luz era como a luz da lua - a lua reflete a luminosidade do sol. O sol desses discípulos era Sri Chinmoy. Levou um tempo, mas eu percebi!

 

 

 

Música

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Depois, veio a música. Nunca me considerei um "grande meditador", mas a música certamente preenche uma vasta lacuna dentro de mim. Na minha família, ninguém tocava instrumento musical e nem cantou. Eu não era exceção. Mas as canções que aprendi durante o curso de meditação fizeram ressoar dentro de mim algo que senti que era muito precioso.

Aos poucos, a habilidade de cantar foi se encontrando com a aspiração por cantar, e hoje em dia não passa um bom dia sem que eu aprenda uma ou duas canções novas.

 

Reencontro

Todos os dias que ia para o curso, me sentia mais em casa. Esportes, música, diversão, amizade - todas as coisas que não encontrava em minha infância. No meu caso em particular, penso que o Supremo me manteve afastado dessas coisas até que eu tivesse a oportunidade de realizá-las de uma forma apropriada, espiritual.

Enfim, não faltei a nenhum dia do curso, e fui cada vez mais sentindo que estava encontrando algo que nunca antes tive a oportunidade de ver, tocar ou mesmo imaginar. Reparei como, diariamente, eu mesmo mudava - para melhor, muito melhor. Eu estava colhendo umas flores para a minha mãe em seu aniversário, quando pegaram minha bicicleta nova e saíram correndo. Dei três passos rápidos antes de perceber que não iria conseguir alcançar a bicicleta. Já que não havia nada o que fazer, sorri sinceramente, juntei as flores e voltei para casa. Uma vizinha viu tudo e ficou intrigada com a minha calma. Para mim, foi uma experiência de estar centrado no coração, no ser interior. (Acho que foi uma experiência para a vizinha também me ver tranquilo a despeito dos acontecimentos.)

Buddham saranam gacchami. Eu tomo refúgio no Mestre espiritual.

Dhammam saranam gacchami. Eu tomo refúgio na disciplina espiritual.

Sangham saranam gacchami. Eu tomo refúgio na comunidade espiritual.

Os três pilares para uma vida espiritual estão descritos nesse mantra. Encontrei os três nos ensinamentos de Sri Chinmoy. E mais. Encontrei a mim mesmo.

“Ask and it shall be given to you; seek and ye shall find; knock and it shall be opened unto you.” I asked. My Lord bestowed His boundless Compassion on me. I sought. My Lord gave me His infinite Love. I knocked. To my utter surprise, the door was not bolted from inside. My sweet Lord was eagerly expecting my arrival. Lo, I am come! - Sri Chinmoy

 

Hoje

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Conheci Sri Chinmoy pessoalmente em agosto de 2005. No entanto, ele já me era conhecido interiormente. Nunca tive vontade de lhe fazer alguma pergunta ou questão, pois sabia (e sentia) que, como todo verdadeiro Mestre, seu ensinamento era constante e interior - o ensinamento silencioso.

Hoje em dia, uma das coisas que mais gosto de fazer é dar cursos de meditação. Mesmo tendo dado palestras em lugares como bancos e hotéis, não ganhei um centavo sequer. Mas ganhei uma riqueza de uma ordem diferente, na forma de satisfação genuína. Alguém pode estar tendo a mesma oportunidade que eu tive.

"Selfless service itself is the greatest joy and highest reward."
- Sri Chinmoy

Para terminar,segue o último aforismo de Sri Chinmoy que foi publicado enquanto estava encarnado na Terra.

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My physical death

Is not the end of my life—

I am an eternal journey.

- Sri Chinmoy